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Legado permanente
Carlos Vogt deixa nesta terça-feira (14/8) a presidência da FAPESP, quando termina seu mandato no Conselho Superior da Fundação. A convite do governador José Serra, Vogt assumirá a Secretaria de Ensino Superior no lugar de José Aristodemo Pinotti.
O vice-presidente do Conselho, Marcos Macari, reitor da Universidade Estadual Paulista, será o presidente em exercício. Também terminam os mandatos dos conselheiros Giovanni Guido Cerri e Hermann Wever.
À frente da FAPESP desde 2002, Vogt teve intensa atuação em questões fundamentais para a instituição, defendendo a transparência na adoção do projeto Mudança, Qualidade e Institucionalização, palavras-chave de sua gestão.
"Institucionalização da FAPESP. Esta seria a expressão que poderia resumir as metas da gestão ao assumir a presidência. E, por institucionalização, quero significar o processo de reorganização institucional - que pressupõe mudança - , estabelecida em diretrizes claras e objetivas, normatizadas e regulamentadas, de forma a salvaguardar a própria Fundação, e visando a maior racionalidade, eficiência e eficácia, enfim, a maior qualidade do trabalho e das relações humanas", disse Vogt.
Para ele o projeto "procurou colocar de maneira clara e visível os termos das ações desenvolvidas, não só porque isso traz tranqüilidade sobre o presente como permite que a comunidade continue participando de maneira crítica, interagindo com as decisões tomadas."
Um dos destaques de 2002 a 2007 foi a recomposição do equilíbrio orçamentário-financeiro da FAPESP com vistas a preservar a estabilidade da instituição e recobrar e ampliar a sua capacidade de investimento em pesquisa científica e tecnológica. Em dezembro de 2006, a disponibilidade financeira era de R$ 828 milhões, 61% acima do total contabilizado no fim de 2002.
"Em uma instituição como a FAPESP, que goza de autonomia de gestão financeira, esse equilíbrio significa um provimento capaz de manter uma situação de conforto mesmo em situações de adversidade, causadas por mudanças na economia", afirmou Vogt. Em decorrência da estabilidade, em 2005 e 2006 os investimentos em pesquisas científicas e tecnológicas cresceram, respectivamente, 5,8% e 14,6% em relação a 2002.
Informatização e avaliação
A estruturação do Sistema de Apoio a Gestão (SAGe) - que compreende todos os procedimentos de apresentação, análise e julgamento de propostas de pesquisa apresentados, gestão de contratos, acompanhamento e avaliação de seus programas - inaugurou efetivamente o relacionamento on-line com a comunidade científica.
Com quase 18 mil processos em circulação atualmente, a informatização passou a ser uma necessidade. O SAGe registrou mais de 45% das propostas que chegaram este ano à Fundação.
A FAPESP passou ainda a avaliar os resultados de suas linhas de fomento, importante instrumento para definição de políticas de investimento. A caracterização do parque de equipamentos de pesquisa financiado pela Fundação, além de criar um sistema perene de coleta de informações sobre o parque, bem como um grande banco de dados, constitui-se em importante ferramenta auxiliar na alocação de recursos para essa finalidade e também em fator de regulação da demanda.
Outros projetos que estão em processo de finalização referem-se à caracterização da demanda dirigida à Fundação por meio de sua linha de fomento de bolsas e à trajetória dos cientistas paulistas a partir de informações obtidas em pesquisa amostral, por grandes áreas do conhecimento, nas várias etapas de sua formação, sejam elas financiadas ou não pela FAPESP.
Entre os demais destaques da gestão de Carlos Vogt na presidência da FAPESP estão a criação da procuradoria, o estabelecimento de uma política sistemática de recursos humanos, a melhoria da comunicação com o público - entre os quais o portal da instituição, o serviço Converse com a FAPESP e a ouvidoria -, a consolidação dos Indicadores de C,T&I em São Paulo e da Biblioteca Virtual (BV/CDi) da FAPESP e fortalecimento da atividade de divulgação científica no Estado de São Paulo e no país, com a criação da Agência FAPESP e expansão da revista Pesquisa FAPESP e demais publicações.
Incentivo à equipe
Na própria FAPESP, as mudanças nos últimos cinco anos foram igualmente profundas. Foi criada uma gerência de recursos humanos, que atuou de forma organizada e com o suporte de uma comissão orientadora encarregada de propor políticas estabelecidas com a colaboração de representantes escolhidos pelos próprios funcionários.
Foram adotados plano de carreira, processo avaliatório com mecanismos de promoção e progressão e critérios transparentes de concessão de bolsas de estímulo à educação e capacitação, responsáveis pelo aumento no número de funcionários com curso superior completo (46% dos servidores) e pós-graduados (14%). -Isso traz um crescimento para a instituição e para seus funcionários, criando uma condição de harmonia e de solidez", disse Vogt.
Quando fala de seu trabalho na presidência, Vogt não esconde seu entusiasmo nem economiza palavras. Mas, sobre seu afastamento, é direto: "Vou sentir muitas saudades da FAPESP".
Poeta e lingüista, Vogt é formado em Letras pela Universidade de São Paulo e professor titular em Semântica Lingüística da Universidade Estadual de Campinas desde 1969, onde foi reitor entre 1990 e 1994. Fez cursos de pós-graduação em Semântica Lingüística na França e nos Estados Unidos e é pós-graduado em Teoria Literária Comparada na USP.
É presidente do Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica, coordena o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp, é editor-chefe da revista Inovação Uniemp e diretor de redação da revista eletrônica de jornalismo científico ComCiência.