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Controle biológico de pragas agrícolas é tema de workshop na FAPESP

São Paulo, 22 de fevereiro de 2016 – Cientistas que atuam em pesquisa e desenvolvimento de agentes naturais para combate a pragas agrícolas reúnem-se no workshop Desafios da Pesquisa em Controle Biológico na Agricultura no Estado de São Paulo, na FAPESP, dia 29 de fevereiro, para apresentar e discutir os principais avanços obtidos no controle biológico em São Paulo e no Brasil.

O controle biológico consiste na redução das populações de organismos que atacam florestas, plantas e diferentes culturas. Envolve a exploração, criação e colonização de inimigos naturais das diversas pragas e doenças, e a sua liberação em lavouras atacadas.

Os principais tópicos da reunião são os desafios de pesquisa básica e aplicada sobre macro e microrganismos utilizados no controle biológico, a difusão de métodos aplicáveis no país e a transferência de tecnologia para o setor agrícola. A pauta do encontro inclui debates sobre os resultados já alcançados da aplicação do controle biológico em culturas de cana-de-açúcar, soja, milho, citros e hortaliças.

Participam como apresentadores no workshop pesquisadores ligados à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), em Piracicaba; Instituto Biológico, em Campinas; Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, em Jaboticabal, e Faculdade de Ciências Agronômicas, em Botucatu – ambas da Unesp; Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna; Centro Universitário Moura Lacerda, em Ribeirão Preto; e ao Centro de Tecnologia Canavieira (CTC).

A substituição de agroquímicos pelo controle biológico contribui para a redução de desequilíbrios biológicos pela eliminação de inimigos naturais, além de ter impacto sobre a qualidade do solo, da água e dos alimentos, devido à redução ou eliminação de resíduos tóxicos. Outros fatores que justificam o uso do controle biológico no país são o aumento do custo de síntese de novas moléculas para produção de agroquímicos, a necessidade de evitar o uso de moléculas retiradas do mercado internacional há muito tempo por serem consideradas nocivas à saúde e exigências do mercado internacional em relação aos resíduos de produtos exportados pelo Brasil.

Para o professor José Roberto Postali Parra, pesquisador do Departamento de Entomologia e Acarologia da Esalq-USP, e coordenador do workshop, a agricultura brasileira tem, tradicionalmente, uma cultura de combate a pragas e doenças de plantas com o uso de agroquímicos. “Nos últimos 12 anos, o consumo no Brasil aumentou 162% em relação a um crescimento de 90% ocorrido no mundo. O país desenvolveu um modelo de agricultura para a região tropical e agora lidamos com o desafio de criar um modelo de controle biológico para essa região”, diz o pesquisador.

De acordo com Parra, nas regiões tropicais há um grande número de pragas em áreas com condições climáticas e edáficas (de uso para a agricultura) propícias a seu desenvolvimento, que causam perdas da ordem de US$ 12 bilhões anuais. “O momento é adequado para difundir o uso do controle biológico, especialmente depois do surgimento no Brasil da lagarta Helicoverpa armigera, em 2013, responsável por ataques a regiões produtoras de soja, milho, algodão, entre outras culturas, e muito difícil de controlar por meio de agroquímicos”, diz.

De acordo com o pesquisador, o Brasil dispõe de duas condições essenciais para uma mudança na cultura predominante de uso de agroquímicos para o controle de pragas na agricultura. A primeira é a biodiversidade brasileira, que abriga uma grande quantidade de macrorganismos (insetos e ácaros) e microrganismos (fungos, bactérias, vírus e nematoides) – inimigos naturais de pragas e doenças em plantas. Outra condição é possuir uma massa crítica de pesquisadores recém-formados em cursos de pós-graduação, aptos a desenvolver pesquisa e atingir objetivos para o controle biológico.

A adoção do controle biológico isoladamente e como parte da estratégia de Manejo Integrado de Pragas (MIP) também estarão na pauta do workshop Desafios da Pesquisa em Controle Biológico na Agricultura no Estado de São Paulo, assim como temas relacionados à transferência de tecnologia; disponibilidade de insumos biológicos (agentes naturais de controle); legislação necessária para produtos biológicos; tabelas de seletividade de pesticidas a inimigos naturais; logística de armazenamento e transporte; e liberação de insetos, ácaros e patógenos (fungos, bactérias e vírus) em lavouras atacadas.

Desafios da Pesquisa em Controle Biológico na Agricultura no Estado de São Paulo

Data e horário: 29 de fevereiro de 2016, às 9h

Local: FAPESP, rua Pio XI, 1500, São Paulo

Informações: www.fapesp.br/eventos/cb

Registro de participação: www.fapesp.br/eventos/cb/interesse

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Página atualizada em 03/11/2022 - Publicada em 22/02/2016