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São Paulo, 21 de novembro de 2016 - O centenário da Academia Brasileira de Ciências (ABC) será comemorado em São Paulo com a realização de um simpósio científico, organizado pela FAPESP, em que se fará um amplo balanço sobre o estágio atual da ciência e tecnologias brasileiras e serão apontadas perspectivas futuras. O evento será realizado no dia 23 de novembro, na sede da Fundação, em São Paulo.

O Simpósio “Desafios para a Ciência e Tecnologia no Brasil” reunirá destacados pesquisadores paulistas para um balanço e prospecção dos avanços do conhecimento nas áreas de Ciências Exatas e Engenharias, Ciências Humanas e Sociais e Ciências da Vida (ver relação de participantes abaixo).

“Poucas organizações completam centenário no Brasil”, afirmou o presidente da FAPESP e membro titular da ABC, José Goldemberg. “A ocasião é excepcional para uma análise do que ocorreu em ciência no Brasil nos últimos 100 anos, do papel da ABC e de seu protagonismo futuro.” E acrescentou: “No Brasil a ciência é ampla, mas falta foco à atividade”.

Para o diretor científico da Fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz, “é mais que justo que a FAPESP preste essa homenagem com um simpósio que vai discutir o estado da arte da ciência no Brasil: a ABC tem dado destacada contribuição ao desenvolvimento da ciência no Brasil, por meio da ciência criada por seus membros e pelo debate sobre as políticas nacionais para Ciência e Tecnologia”. Brito Cruz também é membro titular da Academia Brasileira de Ciências.

Os 11 pesquisadores convidados são “nomes de consenso” no cenário da ciência nacional, sublinha Francisco Laurindo, livre-docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), cardiologista do Instituto do Coração (Incor) e membro da ABC, que preside o comitê organizador do evento. “Foram escolhidos por sua capacidade de oferecer uma visão estratégica da ciência para o desenvolvimento nacional.”

Entre 9h e 17h, cada um deles fará uma apresentação sucinta sobre sua especialidade: Engenharia, Matemáticas, Físicas, Ciências Químicas, Ciências da Terra, Ciências Humanas e Sociais, Biomédicas, Saúde, Agrárias e Biológicas. Todos foram convidados a produzir também uma avaliação detalhada sobre o estado da ciência em sua área. “Escolhidos os temas, a ideia é passar uma régua para avaliar o que já foi feito e pensar no futuro”, afirma João Fernando Oliveira, livre-docente da Escola de Engenharia da USP de São Carlos, ex-diretor-presidente do Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), membro da ABC e do Conselho Superior da FAPESP.

Os documentos serão reunidos posteriormente em um único volume que será apresentado à ABC e ao público em geral, de acordo com Brito Cruz.

Acadêmicos paulistas

“A contribuição de São Paulo para a ciência e tecnologia brasileiras é grande”, sublinha Oswaldo Luiz Alves, decano do Departamento de Química Inorgânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), membro da ABC desde 2001 e detentor de cinco patentes e um licenciamento de tecnologia para o setor produtivo – entre 31 patentes depositadas –, que integra o comitê organizador.

O Estado abriga 237 dos 532 membros titulares da ABC. “O número de acadêmicos é compatível com a posição que o Estado ocupa na produção científica nacional”, enfatiza Alves.

Entre os acadêmicos paulistas, 34 (14,35%) são mulheres, índice superior ao percentual médio nacional (13,72%). E, de acordo com Alves, é cada vez mais forte a presença de titulares da ABC em universidades e instituições instaladas no interior de São Paulo.

Com base em endereços cadastrados na ABC, estima-se que cerca de 60% dos membros titulares da Academia em São Paulo – algo em torno de 140 – estão ligados à USP. Aproximadamente 28 estão vinculados à Unicamp, cerca de 10 à Universidade Federal Paulista (Unifesp) e sete à Universidade Estadual Paulista (Unesp). A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) abrigam, cada um deles, quatro acadêmicos e o Insper – instituição de ensino e pesquisa que atua nas áreas de Negócios, Economia, Direito e Engenharia – tem um.

Exposição comemorativa

No dia do simpósio será inaugurada a exposição interativa em comemoração ao centenário da Academia Brasileira de Ciências, no Hall Nobre da FAPESP, que ficará aberta ao público de 24 a 29 de novembro, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas.

A mostra reúne painéis com informações sobre a história da ABC no contexto brasileiro e mundial. A exposição traça uma espécie de linha do tempo que permite aos visitantes conhecer as principais descobertas da ciência brasileira e mundial e o desenvolvimento das instituições e políticas científicas desde 1916, ano de criação da ABC.

A mostra traz ainda vídeos e fotos ilustrando os diversos períodos históricos, além de um painel especial apresentando 18 cientistas brasileiros de destaque que contribuíram para o desenvolvimento socioeconômico do país.

Simpósio “Desafios para a Ciência e Tecnologia no Brasil”

Áreas da Ciência e pesquisadores participantes

Ciências da Engenharia: Edgar Dutra Zanotto

Engenheiro de Materiais pela UFSCar e doutor pela University of Sheffield, no Reino Unido, investiga as propriedades de materiais vitrocerâmicos. Publicou mais de 200 artigos, detém 20 patentes e é membro da ABC, da Academia Paulista de Ciências, da National Academy of Engineering, da The World Academy of Sciences (TWAS), da World Academy of Ceramics, entre outras. Recebeu, entre várias comendas, a Ordem Nacional do Mérito Científico e o Prêmio Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia, outorgado pelo CNPq, Marinha, MCTI e Fundação Conrad Wessel.

Ciências Matemáticas: José Alberto Cuminato

Licenciado em Matemática pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), doutorou-se em Análise Numérica na Oxford University Computing Laboratory. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional em dois mandatos, é professor titular da USP, membro correspondente estrangeiro da Royal Society Edinburgh e membro titular da ABC.

Ciências Físicas: Ricardo Magnus Osorio Galvão

Engenheiro de Telecomunicações pela Universidade Federal Fluminense, doutor em Física de Plasmas Aplicada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), livre-docente em Física Experimental pela USP, é diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Membro da ABC, da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e do Conselho da Sociedade Europeia de Física, foi presidente da Sociedade Brasileira de Física.

Ciências Químicas: Fernando Galembeck

Químico pela USP e pós-doutorado nas universidades do Colorado e da Califórnia, foi professor titular da Unicamp. Dirigiu o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), em Campinas, e participou da concepção e implementação do PADCT. Detém 18 patentes, sete delas licenciadas com três produtos lançados no mercado. É membro da ABC, da TWAS e Fellow da Royal Society of Chemisty. Recebeu, entre outros, o Prêmio Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia.

Ciências da Terra: Paulo Artaxo

Doutor em Física pela USP, onde é professor titular, trabalhou na NASA e nas universidades de Antuérpia (Bélgica), Lund (Suécia) e Harvard (Estados Unidos). Especialista em física aplicada a questões ambientais, publicou 409 trabalhos científicos. É membro do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) e integrou a equipe que foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz de 2007. Membro titular da ABC, recebeu o prêmio Fissan-Pui-TSI da International Aerosol Research Associations, a comenda da Ordem do Mérito Científico Nacional e o Prêmio Almirante Álvaro Alberto.

Ciências Humanas e Sociais: Lourdes Sola

Graduada em Ciências Sociais pela USP, doutorada em Ciência Política por Oxford e pós-doutorada no Instituto Kellog de Estudos Internacionais da Universidade de Notre Dame e na Universidade do Chile, é livre-docente da USP. Ocupou a Cátedra Rio Branco de Estudos Brasileiros na Universidade da Califórnia (Berkeley) e foi uma das fundadoras do Comité de Pesquisa "Democratization in Regional Perspective", da International Political Science Association, (IPSA), instituição que presidiu e autualmente coordena. É membro da ABC e do International Institute for Democracy and Electoral Assistance (IDEA), com sede em Estocolmo. Recebeu a comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico.

Ciências Humanas e Sociais: Naércio Aquino Menezes Filho

Graduado em Economia pela USP e doutorado pela University College London (1997), é professor titular e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, professor associado da USP e consultor da Fundação Itaú Social. Membro do Comitê Científico do Núcleo Ciência pela Infância, tem experiência na área de Economia, com ênfase em Capital Humano e Organização Industrial.

Ciências Biomédicas: Walter Colli

Graduado em Medicina pela USP, doutor em Bioquímica, livre-docente pelo Instituto de Química da USP, instituição da qual foi diretor, é coordenador adjunto da Diretoria Científica da FAPESP. Foi diretor do Instituto Butantan, presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, diretor do Instituto de Relações Internacionais da USP, presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e diretor-geral da Associação Brasileira da Tecnologia de Luz Síncrotron (ABTLuS). Membro da ABC e da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS), é membro também da Ordem Nacional do Mérito Científico e foi agraciado com o prêmio Almirante Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia.

Ciências da Saúde: Roger Chammas

Graduado em Medicina, é doutor em Ciências Biológicas pela USP e pelo Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, em São Paulo. Especializou-se na área de Glicobiologia na Universidade da Califórnia, San Diego, foi pesquisador visitante no Friedrich-Miescher Institut, na Suíça, na Harvard School of Public Health, nos Estados Unidos e no Moffitt Cancer Research Center. Professor titular de Oncologia da USP, coordena o Centro de Investigação Translacional em Oncologia. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências.

Ciências Agrárias: Paulo Arruda

Biólogo formado pela Universidade Católica de Campinas e pós-doutorado no Biochemistry Department, Rothamsted Experimental Station, na Inglaterra, coordenou a implantação do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG) da Unicamp. Colaborou na organização do Programa Genoma FAPESP, coordenou o Projeto Genoma da Cana-de-Açúcar, foi sócio fundador da empresa Alellyx Applied Genomics, a primeira empresa brasileira de genômica vegetal aplicada, é responsável pelo Centro de Biologia Química de Proteínas Quinases da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que integra o Structural Genomics Consortium (SGC). É membro titular da ABC e membro da Ordem Nacional do Mérito Científico.

Ciências Biológicas: Aníbal Vercesi

Graduado em Medicina pela Unicamp e pós-doutorado pela Johns Hopkins University School of Medicine, foi professor adjunto de Microbiologia na University of Illinois, presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e é professor titular de Bioquímica da Unicamp. É Membro da ABC e Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico.

Informações para a imprensa:

Gerência de Comunicação da FAPESP / Assessoria de Imprensa

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