A Instituição

Ciência para o Desenvolvimento - Marco Antonio Zago

Palavras do Prof. Marco Antonio Zago, Presidente da FAPESP, no lançamento do Programa Ciência para o Desenvolvimento, em 27/6/2019, na sede da FAPESP

Começo agradecendo a presença do governador João Doria, cuja vinda a esse evento revela atenção com a ciência e tecnologia. Agradeço ainda aos Secretários de Estado do Desenvolvimento Econômico, Saúde, Infraestrutura e Ambiente, Agricultura, Desenvolvimento Regional, aos membros do Conselho Superior e Diretores da FAPESP, dirigentes das nossas universidades e dos institutos de pesquisa, representantes do poder legislativo, e membros da comunidade científica e empresarial.

Esta é uma oportunidade especial para tratar do papel da ciência no desenvolvimento, de seu financiamento e da sua governança.

Sim, porque atualmente não existe desenvolvimento econômico e social sem forte participação da ciência e da tecnologia. Não haverá mais grandes economias baseadas apenas na disponibilidade de mão de obra humana ou de exportação de produtos primários. As cinco maiores economias do mundo, são, também, as cinco maiores potências de ciência e educação superior. Os países que passaram por grande crescimento em período relativamente curto foram aqueles que fortaleceram significante sua educação e desenvolvimento científico, como China, Coreia do Sul e agora a Índia.

Senhor Governador, enquanto muitos falam em crise e ameaças, nós estamos aqui para falar de oportunidades.

Apesar da pequena área geográfica de nosso Estado, apenas 3% do país, somos o primeiro produtor nacional de frutas, de cana, de etanol e de açúcar (do qual somos responsáveis por 14% da produção mundial). Por quê? Pelo arrojo do nosso empresariado, certamente, mas também pela alta dose de ciência, tecnologia e formação de pessoal qualificado no Estado. Quando o “amarelinho” ameaçou nossos laranjais na década de 90, os cientistas paulistas dedicaram-se a entender a doença e seus mecanismos, nos moldes que o IAC vem fazendo há 130 anos! Vinte anos depois, a contaminação de nossos laranjais caiu de 42% para 1,3%. E hoje somos o maior exportador mundial de suco de laranja!

Quando doenças ameaçadoras como a dengue, a zika e a chikungunya chegaram, nossos pesquisadores e laboratórios estavam preparados para enfrentá-las e desencadearam iniciativas inovadoras na área de diagnóstico, prevenção e produção de vacina.

Mas nós somos também um Estado que se preocupa com o ambiente e a sustentabilidade. A indústria sucroenergética reduziu em 80% o uso de água em relação à década de 90. A participação de energias de fontes renováveis na matriz energética paulista chegou a 61% em 2016. O etanol e a bioeletricidade dão uma grande contribuição para atingir esse elevado índice. Novamente, educação técnica e superior, ciência e tecnologia!

Desnecessário enfatizar a força de nosso Estado, responsável por 1/3 do PIB brasileiro e por quase metade da ciência produzida no país.

Somos o primeiro produtor nacional de veículos automotores. O Estado concentra 34% da indústria de produtos médicos, odontológicos, hospitalares e de laboratórios do país, que gera cerca de 60 mil empregos de caráter técnico.

Impossível desvincular essa pujança do forte investimento de longo prazo feito pelo povo paulista na educação superior de qualidade, e no apoio à ciência e tecnologia, que começa no século XIX com a criação do IAC, da Escola Politécnica e da Faculdade de Direito, e que continua com a fundação do Instituto Butantã, da ESALQ, e da Faculdade de Medicina, a criação da Universidade de São Paulo em 1934, à qual vieram agregar-se as demais universidades públicas e privadas, novos institutos estaduais de pesquisa, o Centro Paula Souza, a UNIVESP, e a FAPESP.

São Paulo é o único estado brasileiro onde os investimentos em P&D do setor privado são maiores do que os recursos públicos, e onde há mais pesquisadores nas empresas do que na área acadêmica. A formação desses recursos especializados é uma das maiores contribuições da FAPESP para o Estado e para o Brasil; é, por isso, uma de suas prioridades, que conome 40% dos seus recurso.

Meus amigos, estamos aqui para falar de diálogo, sincronia, fixação de diretrizes.

Temos que tratar da renovação de nosso ensino básico, do desafio da vida nas cidades, da modernização da manufatura, da eficiência energética. Seguindo o modelo adotado pelo governo estadual, a FAPESP vai-se empenhar para referenciar todas as suas atividades relacionadas com a sociedade com base nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

A FAPESP participa vigorosamente do esforço de desenvolvimento do Estado de São Paulo. Ao mesmo tempo em que preserva sua identidade e autonomia nos limites estabelecidos pela sua Lei Orgânica e a Constituição Estadual, é necessário promover a integração de suas ações num panorama mais amplo, do qual participem as Secretarias de Estado, as universidades públicas e privadas que promovem a pesquisa, os Institutos de Pesquisa, e as lideranças do setor produtivo.

É exatamente isto que fazemos aqui, hoje.

Além da formação de recursos humanos qualificados, a FAPESP promove pesquisa ousada e altamente especializada. São programas emblemáticos, como o Sequenciamento do Genoma da Xyllela, os Programa do Genoma do Câncer, de Biodiversidade (o Biota), de Bioenergia, de Pesquisa para o SUS, e os 20 Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão – Cepids.

Desde 2014 a FAPESP criou, em parceria com grandes empresas, 11 Centros de Pesquisa em Engenharia sediados em universidades e institutos. No total esses centros têm contratos assinados com previsão de investimentos totais de mais do que R$ 1,0 bilhão para os próximos 10 anos.

O programa de pesquisas em pequenas empresas de base tecnológica (PIPE) já aprovou até hoje mais de 2.000 projetos em 124 cidades do Estado. Em 2018 foram 240 projetos, quase um por dia útil, muitos apoiando start-ups, perfazendo R$ 91 milhões.

Para encerrar, o fortalecimento da pesquisa acadêmica tradicional, da qual o Estado tanto se orgulha, se acompanha do sucesso crescente de programas de perfil mais fortemente tecnológico e de inovação, uma aspiração de diferentes setores. Não há, aqui, qualquer competição, apenas complementariedade!

Como verão na apresentação que o Prof. Brito Cruz fará do Programa aprovado pelo Conselho Superior, trata-se de um convite para que institutos de pesquisa, universiddes, empresas e agências ou órgãos governamentais se associem para ampliar as oportunidades de desenvolvimento do nosso Estado.

Obrigado.

 


Página atualizada em 27/06/2019 - Publicada em 27/06/2019