BIOEN-FAPESP

Comunicado a imprensa English version

Lançado Projeto Bioenergia Global Sustentável

22 de julho de 2009

Cientistas de todo mundo uniram forças para buscar solucionar questões relacionadas à produção sustentável de energia a partir da biomassa. Em resposta à considerável confusão e incerteza sobre se o mundo deve olhar a bioenergia (biocombustíveis e eletricidade) desempenhar papel de destaque no futuro, um projeto de três etapas foi iniciado, chamado de Projeto Bioenergia Global Sustentável: Viabilidade & Trajetórias de Implantação.

A primeira etapa do projeto consistirá em reuniões que ocorrerão em cinco locais ao redor do mundo começando em novembro de 2009 na Malásia, seguindo com reuniões na primeira metade de 2010 na Holanda, África do Sul, Brasil e Estados Unidos. A segunda etapa abordará a questão: é fisicamente possível atender uma fração considerável da demanda futura mundial por mobilidade e eletricidade a partir de fontes vegetais ao mesmo tempo em que nossa sociedade também atende importantes necessidades, incluindo alimentação, preservação de habitats naturais e manutenção da qualidade ambiental? A terceira etapa abordará a implantação de trajetórias incluindo questões técnicas, sociais, econômicas, políticas e éticas com o objetivo de desenvolver políticas e estratégias para uma transição responsável a uma sociedade mundialmente baseada em bioenergia.

O projeto GSB é liderado por um comitê executivo de três pessoas: Nathanael Greene do Natural Resources Defense Council; Tom Richard da Pennsylvania State University; e Lee Lynd da Thayer School of Engineering, Dartmouth College e Mascoma Corporation. As cinco reuniões da Etapa 1 serão supervisionadas por um comitê organizador composto por 11 membros com ampla representação de instituições da academia, meio ambiente e pesquisa de todo mundo. Em comentário publicado recentemente em Issues in Science and Technology (http://www.issues.org/25.4/forum.html), o presidente do comitê executivo do GSB, Lee Lynd, representando o comitê organizador da Etapa 1: “Enquanto há uma relutância natural em mudar, nós devemos fazer isso já que a humanidade não pode esperar alcançar um futuro sustentável e seguro continuando com as práticas que resultaram em um presente insustentável e inseguro”. O comentário continua: “A maioria das análises envolvendo biocombusíveis... foram realizadas dentro de um contexto preponderantemente tendencial (“business-as-usual”). Em particular, nenhum explorou com detalhe em uma escala global o que poderia ser alcançado através de mudanças complementares promovendo uma coexistência harmoniosa entre produção de alimento e biocombustível”.

Citações dos membros do Comitê Organizador da Etapa 1 (muitas das quais feitas em notícias veiculadas na mídia local):

Brito Cruz, FAPESP, Brasil: "Os biocombustíveis têm sido fundamentais em eliminar a dependência externa do Brasil por petróleo e em reduzir as emissões veiculares. No ano passado o Brasil utilizou um volume de etanol proveniente da cana-de-açúcar maior do que o volume de gasolina e 95% dos carros novos vendidos no país são flex. O etanol de cana-de-açúcar ajuda o Brasil a ter quase metade de sua energia proveniente de fontes renováveis. Essa experiência pode ser replicada em outros países? Este estudo criará conhecimento para abordar essa questão de uma maneira científica.”

Jon Foley, University of Minnesota: "Agora o mundo claramente encara os desafios de simultaneamente solucionar segurança energética, segurança alimentar e sustentabilidade ambiental. Seja motivado por preocupações com a mudança climática, crescimento populacional, qualidade ambiental, conservação da biodiversidade, segurança nacional ou desenvolvimento econômico, nós devemos resolver estes problemas juntos – em escala mundial – dentro da próxima geração. Para fazer isso, é necessária uma abordagem completamente diferente – uma que dê um passo atrás para uma escala mundial e repense a maneira como nós fazemos tudo, incluindo as maneiras como nós utilizamos nossa terra, agricultura e sistemas energéticos. Somente com novas e corajosas abordagens podemos pegar a promessa da bioenergia, temperada com as preocupações ambientais e de segurança alimentar, e solucionar estes grandes desafios. Um novo mundo – com sistemas de segurança alimentar, energéticos e ambientais robustos e sustentáveis – é possível. Mas nós precisaremos de cada pitada de conhecimento científico e criatividade para nos levar até lá. Minha esperança é que este empolgante projeto será o primeiro passo nessa direção.”

Nathanael Greene, NRDC: "Nós sabemos que galão por galão os biocombustíveis podem ser feitos corretamente ou erradamente, mas para adquirir um sentido de quão grande o papel que os biocombustíveis podem exercer dados todos os outros grandes desafios que enfrentamos, nós precisamos dar um passo para trás e olhar globalmente. Nossos desafios estão todos inter-relacionados e nós precisamos solucioná-los com análises e soluções integradas.”

Lee Lynd, Dartmouth: "Um foco-chave do nosso projeto é olhar aqueles cenários futuros que não são uma continuidade das tendências atuais. Tais cenários são, por definição, improváveis hoje em dia. Entretanto, futuros improváveis são exatamente o que é necessário atualmente, já que nós não podemos esperar alcançar um mundo sustentável e seguro continuando com as práticas que têm resultado em um presente insustentável e inseguro. Mostrando que futuros intensivos em bioenergia que honram outras prioridades importantes são fisicamente possíveis em uma escala mundial, é minha esperança que o projeto GSB motivará e informará uma ação em direção a esse fim.”

Reinhold Mann, Battelle Malaysia: "No passado o desenvolvimento de fontes de energia nem sempre incluiu considerações sobre sustentabilidade devido às pressões em atender necessidades imediatas ou satisfazer outros requerimentos sociais, econômicos ou políticos. A bioenergia precisa ajustar-se a um elevado padrão e será esperado que evite impactos negativos sobre o meio ambiente e a sociedade. De fato, se implantado da maneira certa, muitos dos benefícios ambientais, econômicos e sociais podem ser realizados. A demanda energética na Ásia está crescendo rapidamente e este diálogo planejado em escala mundial ajudar-nos-á a atender a necessidade de bioenergia de uma maneira sustentável.”

Tom Richard, Penn State: "Há tremendas oportunidades de integrar a produção de biomassa com culturas de alimentos e manejo florestal para fortalecer os resultados econômicos e ambientais. A “Commonwealth of Pennsylvania” e a “Chesapeake Bay Commission” tem liderado a produção de culturas para nova geração de biocombustíveis a partir da celulose como uma forma de melhorar a qualidade do solo e da água e fortalecer o desenvolvimento rural. A Universidade Penn State vem desempenhando um papel de liderança em analisar esse potencial em nossa região e com este novo projeto nós esperamos lidar com os desafios e oportunidades para produção de bioenergia em um contexto global.”

Emile van Zyl, University of Stellenbosch, e August Temu, World Agroforestry Centre: "A África é provavelmente o continente com o maior potencial para produção de bioenergia/biocombustível, ainda que a efetividade das atividades atuais seja limitada por projetos freqüentemente descoordenados e mal informados que tanto focam em culturas de alimentos ou em alternativas pouco pesquisadas. Acima disso, o fraco compromisso político e a falta de estruturas predominantes de políticas deixam a África vulnerável à exploração externa como tem ocorrido com outros recursos no passado. Um projeto científico e bem coordenado como o GSB pode revelar o verdadeiro potencial da África como um fornecedor de bioenergia. O projeto pode ajudar a bioenergia a se tornar um importante parceiro estratégico para o setor agrícola e florestal. Ela aborda a segurança alimentar e a qualidade ambiental assim como a criação de riqueza econômica para a maior parte da população. August Temu e eu aguardamos acolher os participantes da África e do mundo para discutir o papel certo da bioenergia e dos biocombustíveis para o continente.”

 


Página atualizada em 20/04/2013 - Publicada em 08/03/2010